Ao saírem da danceteria GLS Tunnel, na madrugada de sábado, Gilberto Tranquilino da Silva sugeriu ao amigo Robson Oliveira de Lima, em tom de brincadeira, que fossem embora de táxi para não apanhar na Avenida Paulista. Mas, pouco depois, enquanto andavam abraçados, foram abordados e um deles acabou espancado. A região central de São Paulo, que inclui a Paulista, é a que mais concentra ataques homofóbicos, conforme estudo inédito obtido pelo 'Estado'.
Após novo ataque, a Polícia Militar promete agora reforçar o policiamento na área. A Prefeitura também estuda medidas para a região, com base em um mapeamento dos ataques por bairros que deve ficar pronto neste mês. O estudo foi realizado com base nas 316 denúncias recebidas pelo Centro de Combate à Homofobia da Coordenadoria de Diversidade Sexual (Cads) entre julho de 2006 e dezembro de 2009.
Nas 50 situações de violência física relatadas, 20% são em casa, 2% no trabalho e 78% no espaço público. Conforme o perfil levantado, as vítimas normalmente têm entre 25 e 39 anos. São casos semelhantes ao do ex-presidente da Associação da Parada Gay, o transexual Alexandre Peixe, que tinha 15 anos quando foi espancado por 20 homens em uma casa noturna. 'Eles me diziam que se eu quisesse virar homem, deveria apanhar como um.' Peixe lembra que foi considerado culpado pelos policiais que o socorreram e levou bronca em casa, por brigar na rua.
A expectativa da Prefeitura é usar os dados da pesquisa para trabalhar todas as políticas públicas voltadas para homossexuais. Já para 2011 será feito um trabalho de conscientização em escolas e hospitais localizados na Subprefeitura da Sé - onde está o foco principal das denúncias.
Mãos dadas. No caso de anteontem os agressores, segundo Gilberto da Silva, eram de cinco a seis jovens, todos com pouco mais de 18 anos. Entre eles havia duas mulheres. 'Fiquei indignado, ninguém pode mais andar de mão dada', afirmou o atendente de telemarketing.
Silva e Lima, ambos de 28 anos, disseram ter deixado a boate, na Rua dos Ingleses, na Bela Vista, por volta das 5 horas. Subiram a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e chegaram à Paulista. Como Lima andava com dificuldade, por estar bêbado, Silva o abraçou para ajudá-lo a andar.
Perto da entrada da Estação Brigadeiro do Metrô, os amigos se depararam com o grupo de jovens, que vinha na direção oposta. 'Eles gritaram: 'desgruda, desgruda!'', contou Silva. 'A gente se separou e seguimos em frente. Eles passaram e, depois, nos empurraram. Meu amigo caiu e um deles começou a dar socos e chutes nele.'
Silva disse ter tentado reagir, sem sucesso. O espancamento durou mais de cinco minutos. 'Quando viu o rosto do meu amigo sangrando, ele parou e saiu andando normalmente.'
Os jovens vestiam camiseta preta e bermuda jeans e usavam correntes prateadas. O cabelo das mulheres era curto e o do principal agressor, espetado e com luzes. Já Lima disse se recordar apenas que dois dos integrantes do grupo eram carecas e estariam de coturno.
Após o ataque, as vítimas caminharam por mais alguns metros, até Lima desmaiar. 'Encontrei um casal e eles ligaram para o 190', afirmou o atendente de telemarketing. PMs levaram Lima para o Hospital do Servidor Público Municipal. Medicado, recebeu alta anteontem. A Polícia Civil deve iniciar hoje a investigação do caso e ouvir os dois amigos.
Fonte: estadao.br.msn.com
Comentário;
“Falta de respeito e covardia”
Mero ato de covardia para com o ser humano. Infelizmente casos homofóbicos surgem com plena normalidade no mundo. Independente de cor, raça, origem ou até mesmo opção sexual; todo ser humano merece amor, respeito e paz, mesmo sabendo das dificuldades existentes. No entanto, adquirir tais fatores tem sido uma tarefa árdua, uma fronteira difícil de se atravessar, principalmente ao se tratar do homossexualismo. Pois o mesmo é vítima de preconceitos escrupulosos perante a sociedade. Não que toda a sociedade seja julgada por ações desse nível, mas que rola um certo olhar de discriminação, ah isso rola sim. A prova de tudo isso são os fatos. Ignorância de muitos em pensar que os homossexuais não possuem seus espaços e direitos perante a sociedade. Pois independente de "opções", está acima o direito como ser humano.
Contudo, é necessário haver o respeito, para que tais direitos sejam levados em conta para com todos os cidadãos. A proteção devida aos mesmos. Ou como seria se porventura dois irmãos se abraçassem em plena avenida, e conseqüentemente fossem surpreendidos por agressões físicas. Tudo devido a olhares maldosos de homofóbicos que esperavam encontrar um casal homossexual, ou seja, já bastando a covardia, ainda seria necessário apanhar por “engano”.
Independentemente de possuir-mos uma opinião formada ou não a respeito do assunto. Cabe respeitar-mos a opção que cada um tomou para si. Pois acreditar-se que o ser humano comete algum mal sob suas escolhas e decisões, é pensar que todos devem ser iguais e que ninguém tem o direito de agir ou ser diferente. Devendo então viver contra sua própria vontade, para satisfazerem a egos alheios. E decerta forma perceber que nem para todos existiria o livre arbítrio. Uma vez que, viver sob dada diferença não só atrai olhares e críticas constantes no dia a dia, mas também as discriminações e os espancamentos, onde um ser acaba vivendo sob represálhas e medo. Para tanto, prestar contas de erros e falhas são fatos em que todos faremos perante o Senhor nosso Deus, e dEle virá a sua sentença, e não as dos homens...
"Vivemos num mundo onde precisamos nos esconder para fazer amor.
Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." John Lennon
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